Movimentos sociais, sindicatos, partidos de esquerda e coletivos da juventude se preparam para ocupar as ruas nesta quinta-feira (10) em protestos simultâneos em diversas capitais. Em Belo Horizonte, o ato será às 17h, na Praça Sete, no centro da cidade.
Organizados pelas frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo, os atos expressam o descontentamento popular diante das recentes decisões do Congresso Nacional, como a derrubada do decreto presidencial que previa o aumento do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) para setores de maior renda, beneficiando bancos, bilionários e casas de apostas — o chamado “BBB”.
“As palavras de ordem desse dia 10 são desdobramentos do nosso Plebiscito Popular, que mobiliza o povo para exigir a taxação dos super-ricos e o fim da escala 6×1”, afirmou, Nivaldo Santana, dirigente nacional da CTB e secretário sindical do PCdoB, ao Portal Vermelho. “A derrubada do decreto do IOF no Congresso acendeu um alerta, e as redes sociais reagiram. Agora, é hora de ocupar as ruas”, completou o membro da coordenação nacional do Plebiscito Popular 2025.
Jornadas de luta contra a injustiça tributária
Um dos principais eixos da mobilização é a justiça tributária. Os movimentos exigem a taxação dos super-ricos, apoiando a proposta do governo federal que prevê o fim da isenção sobre lucros e dividendos, a regulamentação de fundos exclusivos e offshores, além da isenção de IR para salários até R$ 5 mil.
“Essa manifestação é fundamental porque pretende levar às ruas temas que interessam à maioria do povo brasileiro”, declarou Raimundo Bonfim, coordenador da Central de Movimentos Populares e da Frente Brasil Popular ao Portal Vermelho. “A elite política tenta manter privilégios e impedir qualquer avanço em justiça social. Por isso, precisamos mobilizar forças populares, partidos progressistas e o povo trabalhador para denunciar essa sabotagem institucional”.
Na semana anterior ao ato, militantes realizaram uma ocupação simbólica da sede do Banco Itaú, na Faria Lima, epicentro financeiro de São Paulo, denunciando os lucros bilionários dos bancos à custa da população trabalhadora. Faixas com frases como “Taxar os ricos já” e “Chega de privilégio” repercutiram amplamente nas redes.
Contra a precarização e pelo fim da jornada 6×1
Além da pauta tributária, o ato do dia 10 também levanta a bandeira da redução da jornada de trabalho sem redução de salário, e o fim da escala 6×1, sistema que obriga o trabalhador a descansar apenas um dia por semana.
Os organizadores alertam ainda para projetos em curso no Congresso que ameaçam impor escalas mais rígidas, como o modelo 7×0, que eliminaria o descanso semanal e precarizaria ainda mais as condições de trabalho.
“É uma pauta que dialoga diretamente com a classe trabalhadora: redução da jornada, descanso digno, valorização do trabalho”, reforçou Raimundo Bonfim. “A maioria do Congresso não representa o povo, mas sim interesses empresariais. Só a luta nas ruas pode mudar essa correlação de forças”.
Parlamentares da bancada progressista também apoiam a mobilização. O deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP), por exemplo, afirmou em entrevista que o Congresso hoje funciona como um “balcão de negócios que trava qualquer medida em favor da maioria da população”.
Manifesto por soberania, justiça e democracia
As frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo divulgaram um manifesto conjunto em que denunciam a “ofensiva das elites econômicas e políticas contra os direitos do povo e contra o projeto de transformação social que elegeu Lula presidente”.
O texto convoca toda a militância popular a participar da jornada de luta e aponta que novas manifestações poderão ser organizadas nas próximas semanas, caso o Congresso siga obstaculizando pautas sociais.
“É hora de fortalecer o movimento de massas. A mobilização popular é o principal instrumento para garantir conquistas para o povo”, conclui Nivaldo Santana.
Além da manifestação em Belo Horizonte, estão programados atos em outras capitais, como São Paulo (Avenida Paulista, em frente ao Masp, às 18h), Fortaleza (Avenida Beira-Mar, próximo à estátua de Iracema, às 16h) e Curitiba (Estação Tubo Central, às 18h).
As manifestações prometem ser um termômetro da resistência popular diante dos retrocessos promovidos pelo Centrão e aliados do capital financeiro. Será, também, um recado direto aos que tentam bloquear a agenda de justiça social, desenvolvimento e soberania nacional.
Fontes: Contee / Portal Vermelho.