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Contee reafirma compromisso histórico com a educação, democracia e soberania

A noite de abertura do XI Conatee, realizada na última sexta-feira (11), no auditório do Hotel Kubitschek Plaza, em Brasília, foi marcada por entusiasmo, emoção e firmeza nas bandeiras históricas da luta em defesa da educação.

O evento, que celebra os 35 anos da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino (Contee), reuniu delegadas, delegados e lideranças sindicais de todo o país para debater os desafios do presente e traçar estratégias para o futuro.

O coordenador-geral da Contee, Alan Francisco, abriu oficialmente o XI Conatee com um discurso enfático, que reafirmou a trajetória de resistência e mobilização da Confederação ao longo de seus 35 anos. Destacou o papel essencial da entidade na defesa dos direitos da categoria e na promoção de uma educação universal, crítica e libertadora.

Em sua fala, Alan pontuou que o Congresso deve ser não apenas um marco histórico, mas também uma bússola para as ações futuras da entidade. Para isso, reforçou que a unidade democrática precisa ser o pilar central da luta sindical: “A unidade democrática tem de ser a pedra de toque. Não temos o direito — nem qualquer possibilidade — de arranhá-la, por nenhum motivo ou questão. Sem ela, não teremos a energia que o momento histórico exige, nem condições de continuar sendo protagonistas dos grandes debates educacionais e sindicais, nacionais e internacionais, como temos sido até aqui”.

Encerrando sua fala, Alan expressou solidariedade ao povo palestino, com destaque às vítimas do genocídio em Gaza, e reforçou o compromisso ético da Contee com os direitos humanos, a paz e a justiça social: “Que nossa união e luta sejam o alicerce para mitigar as injustiças, fortalecer a democracia e garantir uma educação verdadeiramente libertadora para todos”.

Participações na mesa de abertura

Também participaram da mesa de abertura: Rodrigo de Paula — coordenador da Secretaria de Finanças da Contee; Madalena Guasco — coordenadora da Secretaria-Geral da Contee; Bernardo Beltran — diretor do Sindicato dos Professores do Setor Privado da Argentina; José Ribamar Virgolino Barroso — representante da base; Wellington Duarte — presidente do Proifes; Valéria Morato — vice-presidenta da CTB; e Fernando Rodal — secretário-geral da CEA.

Unidade e solidariedade internacional

Durante as saudações iniciais, as autoridades presentes destacaram a importância da unidade, da consciência de classe e do fortalecimento da luta coletiva em um cenário nacional e internacional marcado por retrocessos e tensões. Houve ainda manifestações de solidariedade ao povo palestino e repúdio às atrocidades cometidas em Gaza, reafirmando o compromisso ético da Contee com os direitos humanos e a paz mundial.

Em seguida, a coordenadora da Secretaria de Assuntos Educacionais da Contee, professora Madalena Guasco Peixoto, apresentou o regimento do Congresso e conduziu a votação de três recursos, todos aprovados por unanimidade pelos delegados presentes.

Mesa de análise de conjuntura

A programação da noite prosseguiu com a mesa de análise de conjuntura, coordenada por Leandro Batista, coordenador de Assuntos Jurídicos da Contee. As falas trouxeram análises contundentes sobre a crise do capitalismo global, os riscos à democracia e a necessidade de fortalecer a organização da classe trabalhadora.

Nivaldo Santana: capitalismo em crise e resistência sindical

Nivaldo Santana, Secretário de Relações Internacionais da CTB, traçou um panorama dos desafios nacionais e internacionais, apontando que o capitalismo atravessa uma crise sistêmica, com estagnação econômica, avanço da extrema-direita e crescentes tensões geopolíticas. Ressaltou a importância da China como contraponto ao imperialismo e defendeu a construção de um mundo multipolar: “Eles precisam da precarização do trabalho para manter e ampliar as taxas de lucro do capital — e, para isso, querem derrotar as armas de resistência da classe trabalhadora: o sindicato, a legislação trabalhista e a Justiça do Trabalho”.

Júlio Turra: denúncia ao imperialismo e defesa da soberania

O assessor político da CUT Nacional, Júlio Turra, relembrou a fundação da Contee, há 35 anos, como símbolo da força do movimento sindical e da luta por direitos. Alertou para a guinada política global e criticou duramente o papel dos Estados Unidos na manutenção de sua hegemonia por meio de guerras, sanções e ingerências: “A decadência do império americano está provocando fenômenos como o eixo Trump — um desespero da classe dominante dos Estados Unidos, que não consegue mais competir com a China e tenta resolver sua crise jogando o mundo inteiro na instabilidade”.

Turra também defendeu a ruptura das relações diplomáticas do Brasil com Israel, em protesto contra o massacre do povo palestino em Gaza.

Érika Kokay: democracia se faz com justiça e participação

A deputada federal Érika Kokay (PT-DF) apresentou uma análise crítica do desmonte do Estado brasileiro promovido pela extrema-direita durante o governo Bolsonaro. Denunciou a captura institucional do Estado por interesses do capital financeiro e alertou para o esvaziamento de políticas públicas essenciais: “Não podemos permitir que esse manto áspero da impunidade asfixie este país — anistia para golpistas é um atentado contra a democracia, contra o povo e contra a soberania nacional”.

Kokay defendeu ainda um novo projeto de desenvolvimento nacional baseado na justiça social, tributária e ambiental, com ampla participação popular.

Allyson: é hora de romper consensos e resgatar as bandeiras da esquerda

O Allyson Mustafa destacou que o atual momento revela a falência do presidencialismo de coalizão. Segundo ele, a composição ampla do governo Lula, embora necessária, abriga forças conservadoras que dificultam o avanço das pautas progressistas no Congresso.

Ele defendeu a politização do debate sobre a taxação das grandes fortunas e a isenção do imposto de renda para trabalhadores como oportunidade concreta de mobilização sindical: “A gente não precisa romper com o pacto civilizatório, mas precisa romper com determinados consensos — e o presidencialismo de coalizão é um deles”.

Pedro Rafael: “Tirem as mãos da soberania brasileira”

Na mesma mesa, Pedro Rafael alertou para o papel do imperialismo norte-americano na tentativa de manter seu domínio global por meio de guerras e ataques a países que não se submetem à sua lógica. Denunciou também medidas protecionistas recentes dos EUA contra o Brasil e a submissão da burguesia brasileira: “Não aceitaremos qualquer ingerência externa sobre os poderes e as instituições brasileiras. Ao povo brasileiro cabe exclusivamente decidir sua organização. Tirem as mãos do nosso território, do nosso povo e da nossa soberania!”.

Pedro propôs uma moção política em repúdio às ameaças imperialistas e conclamou os trabalhadores à defesa ativa da soberania nacional.

O XI Conatee continuou no sábado (12) com uma intensa programação:

– 9h às 09h30 – Aprovação do regimento eleitoral e eleição da comissão eleitoral.
– 9h30 às 11h – 2ª Mesa: Análise e perspectiva da educação privada e regulamentação da EaD.
11h às 13h – 3ª Mesa: Organização sindical e direitos trabalhistas
13h – Almoço.
14h às 16h30 – 4ª Mesa: Reforma estatutária.
16h30 – Lanche.
17h às 19h – 5ª Mesa: Prestação de contas e financiamento da Contee.
19h às 21h – Inscrição de chapas.
21h – Jantar.

Por Romênia Mariani.

Fonte: Contee.

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